Escavações confirmam cemitério de escravizados no complexo da Pupileira em Salvador

 

Pesquisadores confirmaram que o complexo da Pupileira, no bairro de Nazaré, em Salvador, funcionou como cemitério de pessoas escravizadas. Durante as escavações foram encontrados ossos longos e dentes humanos a três metros de profundidade. Parte do material foi removida para análise e o restante do sítio arqueológico foi preservado.

A descoberta foi anunciada nesta segunda-feira (26), em coletiva com o Ministério Público da Bahia (MP-BA). Os primeiros vestígios surgiram no dia 19 de maio, no quinto dia de pesquisa de campo. Segundo a pesquisadora Silvana Olivieri, o solo estava úmido e ácido, o que dificultava a conservação dos restos humanos. O material recolhido foi o que apareceu nas peneiras usadas na escavação.

Os pesquisadores descartaram a hipótese de que os restos mortais tivessem sido transferidos para o Cemitério do Campo Santo. “O cemitério estava ali, esperando ser encontrado”, disse o arqueólogo Luiz Pacheco. A área escavada equivale a três vagas de estacionamento e, por respeito, imagens dos ossos e dentes não serão divulgadas.

A escavação foi autorizada pela Santa Casa de Misericórdia e acompanhada por técnicos do Iphan. A estimativa é de que até 1844, quando o cemitério foi encerrado, cerca de 100 mil pessoas tenham sido enterradas no local — não só escravizados, mas também pobres, suicidas e outros grupos marginalizados. Se confirmada, será a maior necrópole de escravizados da América Latina.


Do Metro1

Foto:Arqueólogos Consultoria e Pesquisa Arqueológica

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